Reforço Estrutural com Fibras de Carbono
As fibras de carbono resultam do tratamento térmico (carbonização)
de fibras precursoras orgânicas tais como o poliacrilonitril (PAN) ou com base
no alcatrão derivado do petróleo ou do carvão (PITCH) em um ambiente inerte
e, também, através de fibras de rayon.
O processo de produção consiste na oxidação dessas fibras precursoras
seguido do processamento a elevadas temperaturas (variando de 1.000o
C a
1.500o
C para as fibras de carbono a até cerca de 3.000o
C para as fibras de
grafite).
Nesse processo térmico as fibras resultantes apresentam os átomos de
carbono perfeitamente alinhados ao longo da fibra precursora, característica
que confere extraordinária resistência mecânica ao produto final.
Quanto maior a temperatura em que o processo industrial se realiza
maior será o módulo de elasticidade do material resultante, que varia desde
100GPa a 300GPa para as fibras de carbono até 650 GPa para as fibras de
grafite.
Quanto maior o módulo de elasticidade maior é o custo do material, o
produto de maior módulo de elasticidade (grafite) custando cerca de 15 a 20
vezes mais caro do que a fibra de carbono com o módulo de elasticidade
situado no extremo inferior da faixa.
Normalmente os sistemas compostos estruturados que utilizam as fibras
de carbono como elemento resistente apresentam as seguintes características:
Extraordinária resistência mecânica.
Extraordinária rijeza.
Bom comportamento à fadiga e à atuação de cargas cíclicas.
Elevada resistência a ataques químicos diversos.
Não são afetados pela corrosão por se tratar de um produto inerte.
Estabilidade térmica e reológica.
Extrema leveza, devido ao baixo peso específico do sistema (da ordem
de 1,6g/cm3
a 1,9g/cm3
, cerca de 5 vezes menor do que o do aço
estrutural) chega-se ao ponto de não se considerar o seu peso próprio
nos reforços.
O coeficiente de dilatação térmica dos compostos unidirecionais de
carbono varia segundo suas direções longitudinal e transversal e dependem do
tipo da fibra, da resina, e do volume de fibra no composto.
A sequência para a execução dos sistemas compostos estruturados com
fibras de carbono pode ser assim resumida:
Recuperação do substrato de concreto armado para que o sistema
possa ser aderido com segurança;
- Essa exigência se aplica a qualquer sistema de reforço externo aderido, como, por
exemplo, a colagem de chapas de aço através de resinas epoxídicas.
Imprimação da superfície sobre a qual será aplicado o sistema para
se estabelecer uma ponte de aderência entre o substrato de concreto e o
sistema composto. Para tanto se utiliza um imprimador epoxídico (primer)
com elevado teor de sólidos que, ao penetrar nos poros do concreto e ao
estabelecer uma película sobre a superfície do concreto, cria uma interface
altamente eficiente para a transmissão de esforços entre o composto e a
peça de concreto.
Regularização e correção das imperfeições superficiais do substrato
de concreto, de modo a estabelecer um plano adequadamente nivelado. É
utilizada uma pasta epoxídica contendo alto teor de sólidos para calafetar
eventuais imperfeições superficiais e criar um plano desempenado para a
aplicação do sistema composto.
Aplicação da primeira camada de resina saturante com alto teor de
sólidos que servirá para impregnar (saturar) a lâmina de fibra de carbono e
aderi-la à superfície do concreto.
Aplicação da lâmina de fibra de carbono que vai reforçar o sistema
composto.
Aplicação da segunda camada de resina saturante para completar a
impregnação da lâmina de fibra de carbono e acabando de conformar a
matriz epoxídica que envelopa o sistema.
Aplicação (opcional) de película de acabamento com elevado teor de
sólidos, alto brilho e resistente à corrosão, com o objetivo de proteção e/ou
acabamento estético para o sistema.
Existe uma grande variedade de elementos de concreto armado em
que os sistemas compostos estruturados com fibras de carbono podem ser
utilizados para promover reforço estrutural. Essencialmente, em elementos
estruturais onde ocorrem momentos fletores, com suas correspondentes tensões
de tração e compressão, esforços cortantes e de torção com suas tensões
tangenciais e em casos específicos de confinamento os sistemas compostos
podem ser utilizados para:
Reforço de vigas à flexão e ao corte
Reforço de lajes à flexão
Reforço de pilares e colunas
Reforços de tanques, silos e reservatórios
Reforço de muros de arrimo, vigas-parede, alvenarias e melhoria da
resistência a impactos e explosões
Reforço de tubulações de concreto de grande diâmetro
Aumento da dutibilidade de colunas para
a prevenção de efeitos sísmicos
Fonte: Manual de Reforço das Estruturas
de Concreto Armado com
Fibras de Carbono - Autor: Ari de Paula Machado
Ler mais: http://www.viapol.com.br/media/97576/manual-fibra-de-carbono.pdf
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